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domingo, 25 de setembro de 2011

Lella Lombardi

O automobilismo vem despertando cada vez mais o interesse feminino, e hoje vemos mulheres talentosas como Danica Patrick e Bia Figueiredo se destacando nas pistas da F-Indy;Mas para isso ocorrer, algumas heroínas desbravaram o caminho,numa época em que a presença feminina nos autódromos, se limitavam a mulheres de pilotos e membros de equipes;Dentre essas desbravadoras, destaca-se Lella Lombardi.



Lella nasceu Maria Grazia Lombardi, em 26 de março de 1941, na cidade de Frugarolo, Piemonte, Itália; Era filha de um simples açougueiro local e quando jovem, praticava handbol;Durante uma partida desse esporte Lella se feriu e foi conduzida as pressas para um hospital por um colega;durante o trajeto, feito de carro em alta velocidade, Lella foi "infectada" pelo vírus do automobilismo. Juntou economias durante anos, e finalmente comprou um Fiat de segunda mão, para começar a competir em provas de turismo.
  
No início dos anos 60 começa a competir pela Escuderia Moroni, nas provas do Campeonato de Turismo Italiano; em 1968 estreou na Fórmula 875 Monza (categoria monoposto com motor bicilindrico utilizado no Fiat 500 Giardinetta);
em 1970 disputou a temporada de Fórmula Ford italiana, sendo 3° colocada no final do ano; em 1972 competiu de F-3 italiana, sendo a 10° classificada geral;em 1974 estava na F-5000 inglesa,quando alcançou a categoria maior, a F-1. Estreia no GP da Inglaterra daquele ano, com uma velha Brabham BT 42,porém não se classificou para o grid.


Lella e a velha Brabham BT 42

O ano de 1974 foi um aprendizado para Lella,era a primeira mulher em muitos anos a tentar enfrentar os gigantes na F-1;Porém seu destino mudaria em 1975: Vittorio Zanon, um milionário conde italiano, comprara a vaga deixada por Victorio Brambilla na March, e assim Lella estréia com o carro laranja no GP da África do Sul,no tenebroso circuito de Kyalami; e consegue uma façanha: se classifica a frente de Graham Hill e Wilson Fittipaldi!


Lella no March n°10 em 1975

Na segunda prova, o GP da Espanha, em Montjuich, seu March passa a ser vermelho e branco, com patrocinio da Lavazza;Esta prova passa para a história por dois fatos: o grave acidente sofrido por Rolf Stommelen,que chocou seu carro contra o guard-rail, matando 5 espectadores e a conquista de Lella;Depois do acidente de Rolf, a direção de prova decide encerrar a mesma,já haviam passado dois terços da corrida e assim o resultado foi validado, Lella estava em sexto ,tornando-se a única mulher até hoje a pontuar na F-1.
Em 1976 Lella passa a correr pela RAM,usando modernos Brabham BT 44B,Foi sua última temporada de F1. No ano seguinte disputou provas de Nascar nos EUA (em Daytona) e provas de esporte-protótipos pela Europa.

Lella e o Brabham BT 44 da RAM em Zeltweg, Austria 1976


Lella pilotando um Renault Alpine A 110 

Lella competiu até o final dos anos 1980, quando foi diagnosticada com câncer; Lutou contra a doença com a mesma disposição que correu,mas a doença a derrotou em 3 de março de 1992;Lella, a pequena italiana voadora,a mulher que ousou disputar com os grandes, se despedia desse mundo com 51 anos de idade.










quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jo Siffert

O fato da Suiça ter banido as competições de automóveis em suas terras após o trágico acidente de Le Mans (França) em 1955,não impediu que dela surgissem grandes pilotos, e o mais talentoso piloto suíço sem dúvidas foi Jo Siffert.



Jo Siffert

Joseph Siffert (ou "Seppi" como era chamado pela família e os amigos mais próximos),nasceu em Fribourg, Suiça, em 7 de julho de 1936.
Seu pai era industrial de laticínios,mas a origem "rural" não impediu Jo de ir além; Começou sua jornada vencedora, competindo em 2 rodas (as competições de moto não estavam proibidas); preparou ele mesmo sua moto e começou a competir, em 1956,no Campeonato Suiço de Motos até 350 cc; em 1959 se tornou campeão da categoria.
Nesse mesmo ano, decidiu competir com automóveis, estreiando com um Fórmula Júnior (categoria de entrada, com motores 1000 ou 1100 cc -DKW ,Saab ou Fiat- e menos de 300 kg de peso),da equipe Stanguellini;
Em 1962 alcança a F1,pilotando uma Lotus-Climax FPF, pelo time privado Ecurie Nationale Suisse.,no mesmo ano se transfere para a Scuderia Filipineti .
Monta sua própria equipe para as temporadas de 1963 e 1964; em 1965 se junta ao inglês Rob Walker na Rob Walker Racing Team (chassi Brabham BT 11 e motores BRM,Climax, Ford e Maserati, de acordo com a temporada), onde permaneceu até 1969;
Por esse equipe venceu o GP do Mediterrâneo de 1964 e 1965,disputado no perigoso autódromo de Pergusa,na Sicilia e a maior glória, o GP da Inglaterra de 1968, a frente das duas temidas Ferraris 312 B de Cris Amon e Jacky Icxx; Esse feito passou para a historia da F1,pois foi a última vitória de um carro privado (ou seja de propriedade do próprio piloto e não de uma equipe ou fábrica).


Siffert também se destacou em provas de turismo/protótipo; de 1966 a 1970 disputou o Word Sportscar Championship (Campeonato Mundial de Protótipos) pela Porsche; venceu as 24 Horas de Daytona e as 12 Horas de Sebring a bordo de um 907;E os 1000 km de Nurburgring de 1966 a bordo de um 906.


Siffert e o Porsche 906 em Nurburgring,1966

Em 1970, vem o mítico 917; Siffert e o mexicano Pedro Rodriguez foram a dupla da Porsche que passa para a história,ao volante da lenda 917-K Gulf - Porsche


Siffert a frente e Rodriguez atrás : os 917 K e seus dois pilotos eternizados

Na F-1, Siffert disputa a temporada de 1970 na estreante March


Siffert e o STP March F1 1970

Mas o íncio da March era conturbado,desastroso para ser mais franco, e Siffert se muda pra a BRM, fazendo a dobradinha com Rodriguez também na F1.
A temporada de 1971 se inicia, e a BRM tem uma dupla de pilotos rápidos e talentosos;
em julho vem o primeiro golpe; Rodriguez morre em um acidente na pista de Norisring na Alemanha;com isso Siffert passou a ser o único piloto das duas equipes : BRM e Porsche.
Vence o GP da Áustria, em Zeltweg e chega em 2° no GP dos EUA, atrás de Francois Cevert e seu Tyrell ( em sua 1° vitória na F1); devido ao bom desempenho se classifca para o GP dos Campeões (prova que não contava pontos para o Mundial; corriam os pilotos que obtiveram as melhores posições na classificação ao longo da temporada);
Essa prova seria disputada na Inglaterra, no circuito de Brands Hatch; Brands então seria palco ironicamente da maior glória e do trágico destino para Siffert.


GP Austria 1971 : Siffert (BRM branca),Cevert (Tyrrell 12) Stewart (Tyrell 11) Clay Regazzoni (Ferrari) : apenas Stewart ainda está entre nós...


Siffert e a BRM em Watkins Glen 1971

Na primeira volta ainda, a BRM de Siffert  toca involuntariamente no March de Ronnie Peterson; isso ocasiona um dano na suspensão que seria fatal para Siffert voltas depois: Na 12° volta, a suspensão do BRM se quebra por completo, Siffert perde o controle e se choca contra um barranco na lateral da pista;o BRM explode de imediato, não dando chances de sobrevivência ao suiço; Os extintores de incêndio não funcionaram e as chamas devoraram-no...
Partia assim o talentoso, educado e afável Siffert; Graham Hill chorou dentro de seu cockpit a perda de um amigo..
Em Fribourg, 50 mil pessoas receberam o corpo de Siffert; na frente de seu cortejo fúnebre, veio aquele que ficara para sempre marcado como o mais perfeito parceiro de Jo: o Porsche 917 K...


                                  Siffert e o 917 K: unidos para sempre na pintura de Beacham Owen


                                                        
                                           Vídeo do acidente fatal de Siffert em Brands Hatch