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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Piers Courage

Para ser piloto de F1 nos anos 60, era necessário além de talento, uma boa dose de coragem para enfrentar circuitos inseguros e carros idem; E isso ele tinha até no nome...
Piers Raymond Courage nasceu em 27 de maio de 1942 em Colchester, Inglaterra...Era herdeiro da dinastia Courage,iniciada com Jonh Courage em 1787, de origem escocesa e francesa (daí seu sobrenome Courage - coragem em francês);dinastia dona de uma das maiores cervejarias do Reino Unido, a Courage Brewery;


Piers Courage

Piers teve uma educação privilegiada,estudou no Eton College, o mesmo onde os herdeiros da Família Real Britânica estudam,Começou sua careira no automobilismo pilotando uma Lotus 7;Em 1964 começa a disputar o campeonato de F3 com uma Lotus 22; Disputaria a temporada de 1965 com uma Brabham 1.0L e a de 1966 com uma Lotus 41, dada pelo próprio Colin Chapman.


Piers Courage na F3 em Brands Hatch 1964

Em 1967, Courage assina com a equipe BRM de F-1; O estilo de condução agressivo e arrojado se fez presente na F1 e acabou custando bons resultados para ele e sua equipe, que acabou liberando-o de seu contrato após o GP de Monaco de 67; Porém seu jeito de ser e tratar seus companheiros de equipe lhe rendeu o título de "o último gentilmen da F1", nobreza aliás sempre lhe foi próximo, casou-se com Lady Sarah Curzon em 1966, que ficou conhecida como "Sally" Courage.
Piers termina a temporada de 67, correndo com a Reg Parnell que corria com BRM´s de segunda linha


Courage e o BRM P 126 da Reg Parnell em Nuburgring,1968

Courage estava obtendo bons resultados na Parnell quando reencontra um grande amigo dos tempos de  F-2, Frank Williams.Frank iria montar uma equipe de F-1 e queria que Courage fosse seu piloto; Frank foi uma das grandes amizades da Courage na F-1; a outra seria com o austríaco Jochen Rindt;sua amizade estendeu-se as esposas e familias de ambos...


Nina Rindt (esq) e Sally Courage (dir), cronometrando os tempos de Jochen e Piers,
no fatídico GP da Holanda de 1970: ambas terminariam o ano viúvas


Piers cumpre seu contrato com a Parnell, disputando as temporadas de 1967 e1968, e em 1969, torna-se o primeiro piloto da equipe de seu amigo Frank Williams.Frank adquirira duas Brabham BT-26 para sua equipe em 69


Piers e o Brabham BT-26 de Williams em Silverstone,1969


Piers terminou a temporada de 1969 em 8° lugar, tendo como melhor resultado um 2° lugar em Monaco e um 2° nos EUA, nada ruim para uma equipe que corria com carros defasados;
Para 1970, Frank adquire os  Brabham BT- 30, ainda de segunda, mas estava em negociação com Alejandro De Tomaso, fabricante dos míticos carros esportes que levavam seu nome; este estava criando um modelo para F-1, com chassi feito de um material leve, que se popularizava rápido no automobilismo, mas mortalmente inflamável: magnésio..,


Brabham BT -30 : seria usado nas primeiras provas de 1970

Assim, estreia o Tomaso 505 de F-1 com motor Ford Cosworth V8;
O começo é complicado, o carro demonstra-se irregular e Piers passa as 4 primeiras provas do ano, brigando com o carro literalmente; Vem a 5° etapa, o GP da Holanda, em Zandvoort.


Piers e o Tomaso 505 no GP da Holanda 1970

Courage larga em 9°, passa a primeira metade da prova lutando para manter o carro na pista,porém ouve-se um estalo: na saida no Tunel Oost, algo se quebra;Não se sabe se foi a suspensão dianteira ou a caixa de direção, sabe-se apenas que o Tomaso ficou indirigível, Piers se choca contra um barranco violentamente,o impacto arrancara seu capacete e lhe quebra o pescoço, matando-o instantanemente; Assim não sentiria o horror provocado pelo magnésio:a morte nas chamas preso ao que sobrou do Tomaso


O Tomaso de Courage após o violento impacto

(Horror que exatos tres anos depois, Roger Williamson encontraria no mesmo ponto da pista).

Courage partiu deixando 2 filhos e um legado: de cordialidade com seus companheiros e um estilo de pilotagem leal, fazendo jus a seu título: o ùltimo gentilmen da F-1


O acidente fatal de Courage














quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Jo Schlesser

Nós brasileiros nos acostumamos a ver uma parceira nipo-francesa vitoriosa nos anos 90: Alan Prost e seu McLaren-Honda.Porém houve outra parceria entre um piloto francês e a montadora japonesa nos anos 60 que acabou em tragédia; Este piloto era Jo Schlesser.



Jo Schlesser

Joseph Schlesser nasceu em Lionville,França em 18 de maio de 1928;Ainda criança se mudou com os pais para Madagascar (então possessão francesa).Ao término da 2° Guerra, em 1946, retorna à França a fim de cursar engenharia mecânica em Nante; tinha então 18 anos...Como todo jovem que estuda esta carreira, se apaixonou por carros e por automobilismo. Com 24 anos se inscreve no Rally Lorraine, pilotando um antiquado Dyna-Panhard,mesmo assim venceu a prova!
Começou a competir com uma Ferrari, mas sofre um acidente durante uma prova , caindo de uma ravina.


Acidentes seriam uma constante triste em sua trajetória; Sofre um grave durante os treinos para as 24 Hs de Le Mans em 1961.Decide comprar um F-3 usado, que pertencera ao americano Harry Schell e começa a competir no campeonato francês da categoria;
Em 1963 conhece aquele que viria a ser seu parceiro,companheiro,irmão no mundo das pistas: um bem sucedido empresário do ramo da construção civil francês chamado Guy Ligier
No ano de 1964 disputa algumas provas de Nascar nos EUA, mas seu sonho maior ainda não tinha sido atingido, a F-1;Ele é satisfeito parcialmente em 1966, disputando alguns GPs pela Matra. Somente em 1968 surge a chance maior; disputar uma temporada inteira de F-1;Schlesser tinha então 40 anos, sabia que era sua última chance;
A Honda vinha competindo na F1 desde 1966, conseguindo feitos como a vitória na Itália com John Surtees.Para 1968 iria apresentar seu novo F-1, o RA 302: era um carro totalmente diferente, porém instável,inconstante: sua maior novidade era um chassis 100% feito de magnésio, material extremamente leve e igualmente inflamável.Surtees se recusa a guiar o que lhe parecia uma armadilha fatal sobre rodas.
Schlesser então é chamado; a estréia do RA 302 seria no GP da França, sua casa... tudo parecia perfeito, o próprio Sochiro Honda estaria presente,mas apenas parecia....


Schlesser e o Honda RA 302 em 1968


O palco estava pronto; a mítica pista de Rouen, seu primeiro GP seria em casa, diante de sua torcida; Schlesser larga bem, ganha uma posição, mas na 3° volta a tragédia se descortina:
na curva Six Fréres, o Honda se destabiliza, chicoteia e bate no barranco; com o tanque cheio, a explosão é brutal e não dá chances a Schlesser;quando o fogo sede,20 minutos depois,tudo que resta é um monte de restos calcinados e o corpo carbonizado de Schlesser;
O choque é brutal; a Honda decide abandonar as competições; só retornaria 19 anos depois para fornecer motores a Lotus de um certo Ayrton Senna.... Guy Ligier,em respeito ao amigo se retira para sempre das pistas, se tornando construtor...a Ligier se torna uma equipe de sucesso nos anos 70, com Jaques Laffite.. seus carros sempre eram batizados com as iniciais JS, em respeito ao amigo,irmão e companheiro Jo Schlesser....


Vídeo do acidente fatal de Jo Schlesser


O fogo que consumiu a vida de Schlesser



sábado, 8 de outubro de 2011

Gunnar Nilsson

No mundo do automobilismo, garra,disposição,luta,são palavras comuns e muitos as demonstram nas pistas;Mas houve um que mostrou muito mais garra e disposição lutando pela vida: Gunnar Nilsson.



Gunnar Nilsson

Gunnar nasceu em 30 de novembro de 1948, na cidade de Helsingborg, Suécia; Seu início no automobilismo foi tardio, aos 23 anos,Seus pais eram contra o filho disputar um esporte ,que na época vitimava muitos pilotos;mas o talento lhe era nato: 3 anos após a estreia em corridas, se torna campeão de F3 inglesa, em 1975.Gunnar conquistou nas pistas uma grande amizade com seu compatriota,Ronnie Peterson.
E graças a seu grande amigo, estreou na F1 em 1976: Peterson se desentendeu com Colin Chapman e abandona a Lotus para correr na March; Gunnar então ocupa a vaga deixada pelo amigo na equipe inglesa,seu primeiro GP é o da África do Sul, na perigosa pista de Kyalami.


Sua adaptação ao carro foi vertiginosamente rápida; na 3° prova, sobe ao pódium no GP da Espanha, em Jarama, com um 3° lugar; foi 3° também no GP da Áustria, em Osterreichring,Zeltweg.Seu ótimo desempenho na estréia lhe valeu a renovação do contrato com a Lotus para 1977, como 2° piloto, ao lado do italo-americano Mário Andretti.
E no ano de 77 vem a única vitória de Gunnar na F1, o GP da Bélgica, num circuito de Zolder embaixo da água; chega em 3° na Inglaterra; Tudo parecia caminhar para um título, mas então o câncer começa a dar seus sinais para Gunnar; Dores de cabeça constantes que pioravam a cada ocorrência;


Gunnar com o Lotus 78 no GP de Mônaco,1977

Gunnar assina um contrato com a Arrows para a temporada de 1978, abrindo seu lugar para o amigo Peterson retornar a Lotus;Deixara para consultar um especialista no final da temporada, e o diagnóstico era cruel: câncer testicular,com mínimas chances de sobrevivência; Teria apenas alguns meses a mais de vida, segundo os exames; Mas Gunnar não se entrega, com o mesmo arrojo e determinação demostrados nas pistas decide lutar contra a doença fatal;
Recinde seu contrato e inicia um tratamento no mais renomado centro de combate ao câncer na Europa, o Charing Cross Hospital de Londres.


Durante as dolorosas seções de quimioterapia,Gunnar observava o sofrimento de crianças com câncer que passavam pelo mesmo tratamento;Ele podia adquirir analgésicos e sedativos caros que aliviavam as dores,mas muitas daqueles crianças não podiam; Decide então recusar os sedativos oferecidos pelos médicos e pede que sejam usados pelas crianças.
Passa o ano de 1978 em luta constante: em setembro vem um duro golpe, seu amigo querido Ronnie Peterson, perde a vida na pista de Monza, Itália. Gunnar vai ao funeral do companheiro em Orebo, Suécia;Era um homem extramente debilitado:estava fraco pela doença e inconsolável pela perda do amigo.Retornou a Londres para deixar este mundo em 20 de outubro de 1978, um mês antes de completar 30 anos. A Suécia perdera em 2 meses os 2 maiores pilotos que havia produzido em todos os tempos...


Funeral de Peterson,em 1978: nota-se Gunnar (o 1° da direita para esquerda) debilitado e sem cabelos por causa da quimioterapia

Um ano após sua partida, Elisabetha Nilsson, sua mãe, funda a Gunnar Nilsson Foundation, dedicada as pesquisas em prol da cura do câncer; Hoje graças aos seus trabalhos, a maioria dos casos de câncer testicular tem cura;após 30 anos, os esforços de Gunnar Nilsson afinal, venceram o câncer...




domingo, 25 de setembro de 2011

Lella Lombardi

O automobilismo vem despertando cada vez mais o interesse feminino, e hoje vemos mulheres talentosas como Danica Patrick e Bia Figueiredo se destacando nas pistas da F-Indy;Mas para isso ocorrer, algumas heroínas desbravaram o caminho,numa época em que a presença feminina nos autódromos, se limitavam a mulheres de pilotos e membros de equipes;Dentre essas desbravadoras, destaca-se Lella Lombardi.



Lella nasceu Maria Grazia Lombardi, em 26 de março de 1941, na cidade de Frugarolo, Piemonte, Itália; Era filha de um simples açougueiro local e quando jovem, praticava handbol;Durante uma partida desse esporte Lella se feriu e foi conduzida as pressas para um hospital por um colega;durante o trajeto, feito de carro em alta velocidade, Lella foi "infectada" pelo vírus do automobilismo. Juntou economias durante anos, e finalmente comprou um Fiat de segunda mão, para começar a competir em provas de turismo.
  
No início dos anos 60 começa a competir pela Escuderia Moroni, nas provas do Campeonato de Turismo Italiano; em 1968 estreou na Fórmula 875 Monza (categoria monoposto com motor bicilindrico utilizado no Fiat 500 Giardinetta);
em 1970 disputou a temporada de Fórmula Ford italiana, sendo 3° colocada no final do ano; em 1972 competiu de F-3 italiana, sendo a 10° classificada geral;em 1974 estava na F-5000 inglesa,quando alcançou a categoria maior, a F-1. Estreia no GP da Inglaterra daquele ano, com uma velha Brabham BT 42,porém não se classificou para o grid.


Lella e a velha Brabham BT 42

O ano de 1974 foi um aprendizado para Lella,era a primeira mulher em muitos anos a tentar enfrentar os gigantes na F-1;Porém seu destino mudaria em 1975: Vittorio Zanon, um milionário conde italiano, comprara a vaga deixada por Victorio Brambilla na March, e assim Lella estréia com o carro laranja no GP da África do Sul,no tenebroso circuito de Kyalami; e consegue uma façanha: se classifica a frente de Graham Hill e Wilson Fittipaldi!


Lella no March n°10 em 1975

Na segunda prova, o GP da Espanha, em Montjuich, seu March passa a ser vermelho e branco, com patrocinio da Lavazza;Esta prova passa para a história por dois fatos: o grave acidente sofrido por Rolf Stommelen,que chocou seu carro contra o guard-rail, matando 5 espectadores e a conquista de Lella;Depois do acidente de Rolf, a direção de prova decide encerrar a mesma,já haviam passado dois terços da corrida e assim o resultado foi validado, Lella estava em sexto ,tornando-se a única mulher até hoje a pontuar na F-1.
Em 1976 Lella passa a correr pela RAM,usando modernos Brabham BT 44B,Foi sua última temporada de F1. No ano seguinte disputou provas de Nascar nos EUA (em Daytona) e provas de esporte-protótipos pela Europa.

Lella e o Brabham BT 44 da RAM em Zeltweg, Austria 1976


Lella pilotando um Renault Alpine A 110 

Lella competiu até o final dos anos 1980, quando foi diagnosticada com câncer; Lutou contra a doença com a mesma disposição que correu,mas a doença a derrotou em 3 de março de 1992;Lella, a pequena italiana voadora,a mulher que ousou disputar com os grandes, se despedia desse mundo com 51 anos de idade.










quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jo Siffert

O fato da Suiça ter banido as competições de automóveis em suas terras após o trágico acidente de Le Mans (França) em 1955,não impediu que dela surgissem grandes pilotos, e o mais talentoso piloto suíço sem dúvidas foi Jo Siffert.



Jo Siffert

Joseph Siffert (ou "Seppi" como era chamado pela família e os amigos mais próximos),nasceu em Fribourg, Suiça, em 7 de julho de 1936.
Seu pai era industrial de laticínios,mas a origem "rural" não impediu Jo de ir além; Começou sua jornada vencedora, competindo em 2 rodas (as competições de moto não estavam proibidas); preparou ele mesmo sua moto e começou a competir, em 1956,no Campeonato Suiço de Motos até 350 cc; em 1959 se tornou campeão da categoria.
Nesse mesmo ano, decidiu competir com automóveis, estreiando com um Fórmula Júnior (categoria de entrada, com motores 1000 ou 1100 cc -DKW ,Saab ou Fiat- e menos de 300 kg de peso),da equipe Stanguellini;
Em 1962 alcança a F1,pilotando uma Lotus-Climax FPF, pelo time privado Ecurie Nationale Suisse.,no mesmo ano se transfere para a Scuderia Filipineti .
Monta sua própria equipe para as temporadas de 1963 e 1964; em 1965 se junta ao inglês Rob Walker na Rob Walker Racing Team (chassi Brabham BT 11 e motores BRM,Climax, Ford e Maserati, de acordo com a temporada), onde permaneceu até 1969;
Por esse equipe venceu o GP do Mediterrâneo de 1964 e 1965,disputado no perigoso autódromo de Pergusa,na Sicilia e a maior glória, o GP da Inglaterra de 1968, a frente das duas temidas Ferraris 312 B de Cris Amon e Jacky Icxx; Esse feito passou para a historia da F1,pois foi a última vitória de um carro privado (ou seja de propriedade do próprio piloto e não de uma equipe ou fábrica).


Siffert também se destacou em provas de turismo/protótipo; de 1966 a 1970 disputou o Word Sportscar Championship (Campeonato Mundial de Protótipos) pela Porsche; venceu as 24 Horas de Daytona e as 12 Horas de Sebring a bordo de um 907;E os 1000 km de Nurburgring de 1966 a bordo de um 906.


Siffert e o Porsche 906 em Nurburgring,1966

Em 1970, vem o mítico 917; Siffert e o mexicano Pedro Rodriguez foram a dupla da Porsche que passa para a história,ao volante da lenda 917-K Gulf - Porsche


Siffert a frente e Rodriguez atrás : os 917 K e seus dois pilotos eternizados

Na F-1, Siffert disputa a temporada de 1970 na estreante March


Siffert e o STP March F1 1970

Mas o íncio da March era conturbado,desastroso para ser mais franco, e Siffert se muda pra a BRM, fazendo a dobradinha com Rodriguez também na F1.
A temporada de 1971 se inicia, e a BRM tem uma dupla de pilotos rápidos e talentosos;
em julho vem o primeiro golpe; Rodriguez morre em um acidente na pista de Norisring na Alemanha;com isso Siffert passou a ser o único piloto das duas equipes : BRM e Porsche.
Vence o GP da Áustria, em Zeltweg e chega em 2° no GP dos EUA, atrás de Francois Cevert e seu Tyrell ( em sua 1° vitória na F1); devido ao bom desempenho se classifca para o GP dos Campeões (prova que não contava pontos para o Mundial; corriam os pilotos que obtiveram as melhores posições na classificação ao longo da temporada);
Essa prova seria disputada na Inglaterra, no circuito de Brands Hatch; Brands então seria palco ironicamente da maior glória e do trágico destino para Siffert.


GP Austria 1971 : Siffert (BRM branca),Cevert (Tyrrell 12) Stewart (Tyrell 11) Clay Regazzoni (Ferrari) : apenas Stewart ainda está entre nós...


Siffert e a BRM em Watkins Glen 1971

Na primeira volta ainda, a BRM de Siffert  toca involuntariamente no March de Ronnie Peterson; isso ocasiona um dano na suspensão que seria fatal para Siffert voltas depois: Na 12° volta, a suspensão do BRM se quebra por completo, Siffert perde o controle e se choca contra um barranco na lateral da pista;o BRM explode de imediato, não dando chances de sobrevivência ao suiço; Os extintores de incêndio não funcionaram e as chamas devoraram-no...
Partia assim o talentoso, educado e afável Siffert; Graham Hill chorou dentro de seu cockpit a perda de um amigo..
Em Fribourg, 50 mil pessoas receberam o corpo de Siffert; na frente de seu cortejo fúnebre, veio aquele que ficara para sempre marcado como o mais perfeito parceiro de Jo: o Porsche 917 K...


                                  Siffert e o 917 K: unidos para sempre na pintura de Beacham Owen


                                                        
                                           Vídeo do acidente fatal de Siffert em Brands Hatch

domingo, 28 de agosto de 2011

Tom Pryce

Os anos 70 foram sem dúvida, os mais trágicos e sombrios da história da F1 e do automobilismo;Muitas vidas se foram em virtude da falta de segurança das pistas,de carros que eram verdadeiras armadilhas fatais, do despreparo de fiscais e comissários de prova; E foi a soma de todos estes fatores que provocaram o acidente mais tenebroso desse período,acidente que ceifou a vida de Tom Pryce.



Tom Pryce


Thomas Maldwyn Pryce nasceu em 11 de junho de 1949,na cidade de Ruthin, condado de Denbighsire, País de Gales; filho de Jack e Gwyneth Pryce. Seu pai havia sido piloto de bombardeiro da RAF na 2° Guerra Mundial (pilotava os temidos Avro Lancaster);sua mãe era enfermeira no posto de seu distrito.Seu irmão mais velho falecera quando Tom tinha 3 anos, o tornando filho único.
Pryce começou a se interessar por automóveis aos 10 anos, quando dirigiu uma van de padaria!Porém seu interesse maior era a aviação, e a exemplo do pai, ser um piloto da RAF;Anos mais tarde diria que desistiu por que não se achava "inteligente o suficiente" para pilotar um caça.
De criança, seu ídolo era o escocês piloto da Lotus, o mítico Jim Clark;assim quando este faleceu em Hockenhein em 1968, Tom teve sua primeira tristeza no automobilismo;Mesmo assim começou a competir de Fórmula Ford inglesa em 1969, estreando na prova de Mallory Park.Disputou as temporadas de 1969 a 1971 nessa categoria, sendo que na prova em Silverstone durante a temporada de 1970, venceu sob uma chuva torrencial, e deu inicio a fama de piloto imbatível em pistas molhadas; em 1973 disputou a F3, e em 1974 vem a grande chance, ser piloto de F1;estreiou a bordo de um mediocre Token, mas seu desempenho chamou a atenção da Shadow Cars; e assim Tom foi contratado para substituir Peter Revson ( que por uma macabra concidência falecera na mesma pista que Tom, Kyalami,pilotando a mesma Shadow de n°16);



Tom Pryce e seu Shadow F1 em 1975

A Shadow era um carro sinistro em todos os aspectos (a começar pelo nome,traduzido como sombra,espectro ou fantasma):era insegura,como a maioria dos F1 dos anos 70 e toda pintada na cor preta...
Pryce terminou a temporada de 1975 em 8° e a de 1976 em 10°.Então vem o ano de 1977; e Pryce tinha esperanças renovadas; a Shadow apresentara um novo modelo, (pintado em branco e azul);Era um carro mais estável e enfim daria alguma chance ao talentoso piloto galês.
3° etapa do mundial,em Kyalami, na conturbada África do Sul em pleno apartheid; dia 5 de março de 1977;Após uma quebra no GP do Brasil(2° etapa) Pryce alinha seu Shadow no grid de largada;Após um problema na largada, cai para último lugar,mas dá incio a uma arrancada excepcional, e em 20 voltas sobe para a 11°posição;


                                                        Pryce e a Shadow 16 em Kyalami,1977


21°volta:por uma trágica ironia, a Shadow de n°17, do companheiro de Pryce, Renzo Zorzi, para por problemas no motor na reta dos boxes; mal Renzo desce do carro,o motor incendeia-se; Então a tragédia se desenha: dois jovens e despreparados fiscais,atravessam a pista carregando pesados extintores;o primeiro escapa dos carros por pouco,mas o segundo, um jovem de 18 anos chamado Jensen Van Vuuren não tem a mesma sorte e é atingido em cheio pelo carro de Pryce, a 275 km/h; O impacto é tão brutal que o corpo de Jensen se desmembra ao meio; Pryce é bizarramente atinigindo na cabeça pelo extintor, que arranca seu capacete e fratura seu crânio por completo (a ponto de seu rosto se tornar uma pasta ensanguentada); O carro desgovernado,com um morto ao volante, continua em linha reta e atinge a Ligier de Jacques Laffite;O único galês a pilotar e vencer na F1 estava morto; Morrera ironicamente onde seu antecessor de equipe também perecera e no local onde milhares de seus compatriotas, soldados do 22° Regimento de Galeses Fronteriços haviam tombado,aos pés do monte Isandawana, em janeiro de 1879;
E da canção militar cantada por eles,tiro um verso que pode resumir o perfil galês de Tom Pryce
"Sempre pronto para a batalha;
 Um galês jamais se rende."




                           Vídeo do acidente fatal de Pryce: Atenção! as cenas são fortes...



Vídeo-tributo ao galês Tom Pryce



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

David Purley

Muitos pilotos se destacaram por arrojo e agressividade;Outros por um estilo cerebral e calculado;Alguns por sua regularidade e equilíbrio, mas poucos,muito poucos se destacaram por um outro fator: solidariedade e companheirismo.Dentre estes, sem dúvida o nome maior é de David Purley.
David Charles Purley nasceu em Bognor Regis,condado de Essex,Inglaterra em 26 de janeiro de 1945.
Antes de se dedicar ao automobilismo,Purley serviu ao British Army(exército britânico),como paraquedista,em Aden, Yemen



David Purley

Seu pai, Charles Purley havia fundado a LEC Refrigeration, uma das maiores fabricantes de refrigeradores do mundo; e com o patrocínio dela que David começa a competir.
O inicio foi em provas de turismo, onde se destacou pilotando um AC Cobra ( a mítica criação de Carol Shelby, colocando um enorme motor Ford 429 V8 na carroceria do esportivo AC Ace inglês).


Purley e o AC Cobra em Lydden,1968 ( prova que terminou em 2°)

Competiu também com um Chevron B8, obtendo um 2° lugar em Snetterton,3° em Mallory Park e 4° em Thruxton, todas em 1969.


Chevron B8 1969, idêntico ao pilotado por Purley

Em 1970 começa a competir na F3 inglesa, onde conheçe aquele que seria seu grande amigo e protagonista da cena mais triste e ao mesmo tempo heroíca da F1, Roger Williamson.
Sua estréia foi a bordo de uma Brabham BT-28 de F3;competiu nessa categoria de 1970 a 1972;em 1971 disputou a pré temporada de F3 no Brasil, sendo 3° em Interlagos e 8° em Tarumã.


Williamson no carro 28,seguido de Purley no n°45 em prova
pela F-3 inglesa em 1971.

Em 1973, juntamente com seu amigo Williamson, estreia na F1, a bordo de um March 731, com o patrocinio das empresas da família;


Purley e o March 731 no GP da Inglaterra,1973

Sua primeira prova foi o GP de Mônaco;não foi o que se esperava,pois o March falhou na largada; seria uma temporada discreta, não fosse por um GP: o da Holanda,em Zandvoort, a 29 de julho.
Nessa prova, seu amigo Williamson fazia sua 2° corrida na F1, a bordo também de um March 731 ( só que este pela equipe oficial, a STP March F1); e numa macabra coincidência, na 13°volta,pilotando o STP March n°13, sofre um grave acidente;
O March bate, vira de lado e se incendeia;Purley que vinha logo atrás, toma a atitude que o transformaria no simbolo da amizade,humanismo e coragem: para seu carro, atravessa a pista correndo para resgatar o amigo dos restos em chamas;
Diante dos atônitos e incompetentes fiscais holandeses,Purley tenta virar o March sozinho,com o fogo queimando suas luvas,ouvindo os gritos de socorro de Williamson;durante 8 minutos, Purley tenta de tudo para salvar o amigo, mas a incompetência dos fiscais impede seus esforços;Desolado,Purley caminha de um lado para outro,uma cena que a meu ver, é a mais triste de toda a história da F1.


Video do acidente de Williamson e a tentativa de Purley.

Na maior demostração de perversidade já vista na F1, o corpo de Roger permaneceu nos destroços do March até o fim da prova,provocando uma visão macabra a cada volta para os pilotos que continuaram a corrida;menos para Purley. Ele se retirou em respeito ao amigo querido que tentou salvar, mesmo pondo a sua própria vida em perigo.
Purley abandonou a F1 na sua temporada de estreia,retornando somente em 1977;
Sofreria um gravissimo acidente nesse retorno,nos treinos do GP da Inglaterra:fraturou as pernas,pelvis e costelas, devido a brutal desaceleração ( de 173 Km/h a 0 em 66 centímetros!),após bater em um muro; foi exposto a 179.8 G (a força da gravidade) e sobreviveu!
Mas Purley deixaria este mundo em 1985,numa competição aérea, pilotando um biplano Ptis Special de acrobacia, sobre o mar da região onde nasceu;
Purley assim teve o destino de muitos heróis ingleses como ele,que partiram sobre o mar durante a Batalha da Inglaterra na 2° Guerra Mundial


                David Purley : para quem uma vida e amizade valiam mais que os milhões dos patrocinadores de corridas

domingo, 31 de julho de 2011

Ignazio Giunti

Ele é o terceiro do trio de grandes pilotos italianos do final dos anos 60 que pereceram de modo trágico, antes de alcançarem a glória,seu nome: Ignazio Giunti.
Ignazio Giunti nasceu em Roma, em 30 de agosto de 1940;Seus pais,Pietro e Gabriella Giunti, tinham origem nobre, eram ricos e donos de uma vasta rede hoteleira na Calábria.
Isso proporcionou uma educação melhor e uma vida tranquila a Ignazio, que poderia ter sido um bem sucedido empresário da hotelaria,mas ele havia se apaixonado por outro mundo, o das corridas de automóveis.


                                                                 
                                                                      Ignazio Giunti


Começou a competir,escondido dos pais, aos 20 anos de idade, com uma Alfa Romeo Giulia TI alugada,chegando em 3° na sua classe logo na prova de estréia.
Competiu nas provas de turismo a bordo de BMW 700, Fiat Abarth 850 C,mas o carro de turismo que mais alegria lhe deu foi a Alfa Romeo GTA; com ela ganhou o titulo de "Rei de Vallenunga", o mítico autodrómo romano (que hoje leva seu nome).


                                                    
                                                     Giunti e o GTA em Vallenunga,1967


Em 1966, Giunti começa a competir em provas de protótipos, das quais se tornaria especialista, a exemplo de seus compatriotas Bandini e Scarfiotti.
LeMans, Sebring,Vallenunga,Targa Florio,Daytona:nenhuma guardava segredos que Giunti não sabia; 3° em LeMans 1968, fazia uma união quase espiritual com sua Alfa Romeo T33.


                                                             
                                          Giunti e o Alfa Romeo T33 em Daytona 1969


Em 1969, começa a competir pela casa maior italiana, a Ferrari; e com a mítica 512S, venceu Targa Florio e Sebring em 1970, foi 2° nos 1000 km de Monza,4° no 1000 km de Spa e vencedor das 9 hs de Kyalami na África do Sul, já a bordo da nova 512M




                                                Giunti e a Ferrari 512 em Daytona 1970


                                                                    
                                        Giunti e a Ferrari 512 LM em Nurburgring Nordschife 1970


Seu talento a bordo dos protótipos do cavallino rampante logo o fazem pilotar para a fábrica de Maranello também na F-1, onde fez apenas 4 corridas ainda em 1970, mas como uma estréia arrebatadora em Spa,na Bélgica: 4°lugar.


                                                                  
                                       Giunti e a Ferrari 312 B V-12 de F1 em Spa 1970


Vem o ano de 1971, e com ele muitas esperanças para Giunti, que se firmava como grande piloto;para a Itália, era a esperança de um novo herói,após as partidas trágicas de Lorenzo Bandini e Ludovico Scarfiotti.A prova de abertura do calendário de protótipos era os 1000 km de Buenos Aires e Giunti era favorito, com sua Ferrari 312 PB.


                  
            Giunti e a Ferrari 312 PB em Buenos Aires, instantes antes de seu trágico destino.


A Ferrari havia inscrito a 312 PB, revezando a pilotagem entre Giunti e seu compatriota, Arturo Merzario;Com Giunti ao volante, a Ferrari estava na frente do mítico Porsche 917 K,pilotado pelo mexicano Pedro Rodriguez. Giunti decide abrir vantagem em rítimo de volta de qualificação antes de ir para os boxes,cumprir o revezamento,e na 36° volta, ocorre a tragédia;
O Matra-Simca MS 660 de Jean Pierre Beltoise fica sem gasolina na saida da curva Horquilla, a ultima antes da entrada dos boxes;O Matra para do lado esquerdo da pista,e como a entrada era do lado direito,Beltoise decide fazer uma das manobras mais imbecis da história: atravessar a pista empurrando seu carro;Ignorando o apelo dos fiscais de pista,que agitavam freneticamente suas bandeiras amarelas, o francês começa sua burrice e então, apontam na curva duas Ferraris: a 512 M pilotada pelo inglês Mike Parkes e Giunti em sua 312 PB.
Parkes,pelo lado interno da curva, visualiza o Matra em cima e consegue desviar por milimetros;Giunti não tem a mesma sorte: a 312 PB se choca violentamente contra a traseira do Matra e explode;Giunti é retirado do monte de aço retorcido em chamas que outrora era uma Ferrari, com 70% do corpo queimado; Morre ao dar entrada no Hospital Central de Buenos Aires. Beltoise foi considerado culpado pela sua morte, e a justiça argentina o baniu de competições naquele pais, e num espaço de 4 anos, a Itália chora a morte de seus 3 grandes pilotos, abrindo uma ferida e criando um trauma que nunca foi superado. A Águia Asteca, alusão ao seu capacete, já não voava mais.


                                            
                                           a Águia Asteca pintada no capacete de Giunti


                       
                           Video mostrando a manobra estúpida de Beltoise e a morte de Giunti






                                              O acidente fatal de Giunti visto de outro ângulo